O alto número de 22 mil roubos de cargas no país, registrado no ano passado, é mais um dos fatores que evidenciam a falta de policiais nas estradas brasileiras. Com uma carência de 8.395 profissionais, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vê a necessidade de um novo concurso, ainda em 2019.
Segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), apesar de uma queda em 2018, o roubo de cargas se tornou, nos últimos seis anos, um modelo de negócio para quadrilhas de traficantes de drogas e facções criminosas devido à vulnerabilidade das estradas, falhas de segurança pública e lucratividade com as mercadorias.
No entanto, a segurança que deveria ser garantida também pela PRF, não tem sido tarefa fácil. Com a missão de assegurar as rodovias federais e as áreas de interesse da União, a corporação vê seu efetivo abaixo do necessário.
De acordo com dados da própria PRF, divulgados pela Globo News em março deste ano, o efetivo de novembro de 2018 era de 10.029 servidores, quando o ideal seriam 18.424, resultando em uma carência de 8,3 mil policiais. Essas vacâncias são oriundas de aposentadorias, mortes, exonerações, transferências, entre outros motivos.

(Foto: Divulgação)
No levantamento, a Região Norte é quem mais sofre com esse déficit, que também é sentido por outras regiões. No Rio de Janeiro, por exemplo, eram necessários 1.110 policiais, mas apenas 821 estão atuando. Em entrevista a Globo News, o coordenador da SOS estradas, Rodolfo Rizzoto, apontou que o efetivo é praticamente o mesmo desde 1994.
Para ele, aumentou a malha rodoviária e os tipos de crimes que se cometem. Exemplo disso, são os roubos de cargas nos últimos anos. Em 2012, foram registrados 14.400 infrações deste tipo. Nos anos seguintes, o número chegaria a 25.950 (dado referente a 2017).
A redução em 2018, no entanto, se deu, principalmente, à intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro e suas operações do combate ao crime organizado. Desta forma, para atender todo o país, um novo concurso da PRF se mostra necessário para aumentar o efetivo da instituição.
Atualmente, a Polícia Rodoviária Federal está com um concurso em andamento. No entanto, as 500 vagas oferecidas não serão suficientes para amenizar o déficit de policiais na corporação.
PRF estuda pedido para novo edital
A Polícia Rodoviária Federal já reconhece a necessidade de reposição de pessoal e estuda um novo pedido de concurso. A confirmação foi dada à FOLHA DIRIGIDA, em março deste ano.
Segundo a Assessoria de Imprensa da corporação, um novo pedido já começou a ser elaborado, mas ainda não há previsão de quando será enviado ao Governo.
• Governo publica decreto sobre autorização de concurso
Embora esteja circulando imagens do pedido de 2014 na internet, a PRF nega já ter protocolado qualquer solicitação desde o útimo aval para 500 oportunidades. A corporação confirmou que enviará um novo pedido em 2019, "seguindo tradição", mas ainda não estima quantas vagas serão solicitadas.
Comece a estudar e prepare-se para o concurso PRF
O novo diretor-geral da PRF, Adriano Furtado, também já afirmou que pretende lutar pela realização de concursos públicos. Ele considera necessário abrir seleções anualmente. Desta forma, seria possível diminuir o déficit de policiais.
Em janeiro, Adriano esteve com representantes sindicais da carreira e foi receptivo às pautas propostas pela entidade. O presidente da FenaPRF pediu que Furtado lutasse junto ao governo para que sejam realizados concursos frequentes. Em 2018, o então diretor-geral da PRF, Renato Dias, confirmou que haveria um novo concurso em 2019.
Concurso de 2018 da PRF segue em andamento
O edital do concurso PRF foi divulgado em 2018, com uma oferta de 500 vagas para o cargo de policial rodoviário. Para concorrer, foi preciso ter nível superior em qualquer área e idade entre 18 e 65 anos, além da carteira de habilitação, na categoria B ou superior.
As provas objetivas e a redação foram realizadas apenas nas cidades com vagas no concurso, nos estados do: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins.
Atualmente, os candidatos aguardam o resultado final do Teste de Aptidão Física (TAF). A listagem ficará disponível a partir do dia 30 de abril para consulta no site do Cebraspe, o organizador da seleção.
Os aprovados realizarão outras etapas, como avaliações de saúde, psicológica e de títulos, além da investigação social e o curso de formação. Os habilitados em todas as etapas e que forem convocados receberão uma remuneração de R$10.357,88 (valor referente a 2019).