Na última semana, os candidatos a soldado do concurso PM PA se viram no meio de uma briga para decidir sobre a suspensão ou não das provas objetivas. O resultado foi que o exame foi adiado na véspera da aplicação, após intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).
Muitas pessoas já haviam se deslocado e hospedado na capital paraense, onde os exames seriam realizados, o que gerou uma discussão parecida com a polêmica do concurso PC PR: como fica o prejuízo dos candidatos? Por que suspender a prova em cima da hora?
Nesta situação, a principal preocupação dos concorrentes é saber como reaver esse prejuízo. Não o valor da taxa de inscrição, mas sim referente aos gastos com passagem e hospedagem, já que centenas vieram de outros lugares mais distantes para fazer a prova.
Para entender o que pode ser feito a respeito e como os candidatos podem proceder diante da situação, Folha Dirigida conversou com Sérgio Camargo, advogado especializado em concursos públicos.
O advogado Sérgio Camargo explica que, assim como no caso da Polícia Civil do Paraná, os candidatos a soldado da Polícia Militar do Pará podem entrar com Ação na Justiça. Essa é uma forma de reaver o valor investido para a prova que foi suspensa.
“Nessa situação eu entendo, sim, que o candidato deve entrar com ações judiciais face ao Estado do Pará, perseguindo um ressarcimento pelo prejuízo num momento de pandemia no Brasil, o segundo pior país em mortalidade do mundo, sem qualquer estrutura, sem qualquer protocolo para que haja o combate ao Covid-19.”
De acordo com o especialista, aqueles que tiverem interesse em entrar com ação devem procurar o Juizado Especial da Fazenda Pública. Ele destaca que Ações de até 20 salários mínimos não necessitam de advogado (exceto se houver recurso).
“Desde que não haja recurso para a turma recursal, não precisa contratar advogado. Você vai lá no balcão da vara, preenche um formulário. Nessa situação, diferentemente daquela ocorrida no estado do Paraná, com a Polícia Civil, o Estado do Pará agiu mal, não teve a sensibilidade necessária.”
O advogado ainda diz que entende que a situação divide opiniões entre os candidatos, que estão há meses se preparando para ingressar na carreira.
Mas defende que faltou sensibilidade da estrutura administrativa do Judiciário, dos membros do parquet e da Procuradoria-Geral, que “precisou de uma marretada da Suprema Corte determinando a suspensão de todos os concursos''.
“Nesta situação, pela péssima gestão que foi apresentada, eu acho que os candidatos devem realmente buscar a via judicial e pedir ressarcimento dos gastos pela falta de protocolo e de estrutura administrativa (...). Insistir em determinadas situações no atual momento é extremamente temerário, não só para o candidato, como para seus familiares. Por mais que eu perceba que os candidatos querem que a prova seja realizada, é uma questão de saúde pública, não é uma questão de opinião.”
Assim como o concurso PM PA, a seleção para a Polícia Civil do Estado também está suspensa após a decisão do STF. Mas diferentemente da Polícia Militar, as provas do concurso PC PA seriam realizadas somente nos dias 21 e 28 de março, mais de uma semana após a suspensão.
No último sábado, 13, a PGE PA disse em seu perfil no Twitter que iria analisar o cenário epidemiológico do Estado nos próximos dias, para tomar as providências cabíveis a respeito das suspensões. Mas ao que tudo indica, os exames seguirão sem serem remarcados.
Isso porque nesta segunda-feira, 15, o próprio órgão publicou em suas redes sociais novas medidas restritivas para o estado do Pará. E declarou que a cidade de Belém estava entrando em Lockdown a partir das 21h.
O bandeiramento vermelho continua nas demais regiões do Pará. E, de acordo com o comunicado, essas medidas são necessárias e importantes para evitar o avanço da Covid-19.
Sendo assim, as provas do concurso da PC PA e do concurso PM PA seguem suspensas, aguardando uma possível retomada ou adiamento, dependendo do quadro da pandemia no estado. Folha Dirigida vai continuar acompanhando as decisões.
O concurso para a Polícia Militar do Pará, aberto em novembro do ano passado, oferece 2.405 vagas. Desse total, 2.310 vagas são de soldado, sendo 2.079 para homens e 231 para mulheres. Para concorrer é exigido o nível médio de escolaridade.
Para oficiais, o concurso público conta com 95 oportunidades para quem tem curso de nível superior. Dessas, 85 são para homens e dez para mulheres.
De acordo com publicação feita por meio do Instagram oficial da Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad), a seleção atingiu 97.464 mil inscritos.
CARGO | REQUISITO | REMUNERAÇÃO |
Soldado | Ensino médio completo, idade de 18 a 30 anos e altura mínima de 1,65 m para homens e 1,60 m para mulheres | R$3.995,42 |
Oficiais | Ensino superior completo, idade de até 35 anos e altura mínima de 1,65 m para homens e 1,60 m para mulheres | R$4.989,67 |
As provas para oficiais e para soldado do gênero feminino já foram aplicadas. Somente o exame para soldado do gênero masculino ainda não foi realizado.
Quando acontecer, a prova vai cobrar as disciplinas de: Língua Portuguesa; Atualidades; Raciocínio Lógico; Noções de Direito Constitucional; Noções de Direito Administrativo; Noções de Direito Penal; Noções de Direito Processual Penal; Noções de Direito Penal Militar; Noções de Direito Processual Penal Militar; Noções de Legislação Penal Especial; Noções de Direitos Humanos; e Legislação Institucional.